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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Não dá mais....


                
                 Em muitos relacionamentos conjugais há uma etapa em que um ou ambos os cônjuges se questionam se fizeram a escolha certa para o casamento. Percebem que o outro é muito diferente e que todo esforço para mudá-lo (veja a edição maio/junho de Ultimato) é infrutífero. Então começam a surgir as ideias de separação.     Lentamente o casal passa a buscar atividades e interesses diversos. Ele se ocupa com seus “hobbies”, com o trabalho ou os amigos; e ela, com as compras, as novas amizades ou a igreja. Enfim, procuram atividades que preencham o vazio relacional do distanciamento do cônjuge. Separam-se no emocional, no social, no físico e até no sexual.
             Infelizmente alguns casais passam o restante de suas vidas separados; vivem debaixo do mesmo teto, porém com pouca coisa em comum. Outros optam pela separação legal — o divórcio, tão facilitado hoje em dia pelos legisladores — na esperança de “encontrar alguém que realmente os faça felizes”. Neste momento os casais estão prontos para tomar uma decisão importante: romper ou crescer!   Alguns rompem na ilusão de que com outra pessoa “tudo vai ser diferente”. O que realmente acontece é que reiniciam um ciclo: apaixonam-se (fase da lua-de-mel); voltam à realidade (fase da rotina); lutam pelo poder (fase da amargura e agressão) até chegarem novamente na desilusão e separação (fase do “já me cansei”). Infelizmente, a sociedade pós-moderna, na qual tudo é descartável, reforça a ilusão de que com um modelito novo tudo vai ser diferente. Alguns passam a vida tentando acertar (vide Elizabeth Taylor e Chico Anísio, que colecionaram oito tentativas cada), mas sempre se frustram.
            A sabedoria da Palavra de Deus nos ensina, há milênios, que a ruptura não é a melhor solução (Ml 2.13-16), pois não resolve a essência do problema: a incapacidade de criar o novo a partir das diferenças. Insiste-se na busca do “espelho”, ou seja, de um outro que se amolde a mim perfeitamente. A grande verdade é que essa coisa colorida e divertida que se encaixa um no outro perfeitamente não se chama casamento, e sim lego!
           O “caminho mais excelente” é aquele no qual desisto de mudar o outro (e vice-versa) e juntos buscamos a alternativa do novo. Então, iniciamos a nossa trilha pelo caminho do crescimento.
Crescer significa reconhecer que a minha forma de perceber a realidade não é a única correta, tão pouco a melhor, e que posso aprender muito a partir da percepção do meu cônjuge, afinal ele me ama e quer o meu bem, jamais o meu mal.   O divórcio não é a solução para crescermos a partir de nossas diferenças, pois ele nos empurra para o egocentrismo e para o fechamento em nós mesmos. Jamais reconhecemos nossa incapacidade de negociarmos com o cônjuge a novidade de vida, de criarmos algo somente nosso que faça parte do mistério. O mistério profundo do casamento transforma duas unidades em uma terceira unidade — sem a necessidade de cada um perder a sua identidade, pois unidade não é anulação.  O mistério que reconhece que há algo nesta aliança indescritível para os demais, similar ao que existe na aliança de Jesus com cada um de nós, é descrito poeticamente com as seguintes palavras: “Ao que vencer [...] dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17).
Autor do texto: Carlos “Catito” e Dagmar são casados, ambos psicólogos e terapeutas de casais e de família. Catito é autor de Como se Livrar de um Mau Casamento e Macho e Fêmea os Criou, entre outros.

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